segunda-feira, 21 de junho de 2010

paredes e pedras cegas


Magoam-me as palavras que não digo porque magoam
Malditos travões que me impedem de dizer,
De libertar as verdades
Que os cegos não vêem
Dói a ingratidão da mão que se deu e não se viu
O abraço que se partilhou para não deixar cair
E impedir o sofrer de alguém
Sofrendo
Estou magoada
Amassada pelo egoísmo
Pelo que não disse
Pelo que ouvi
Pelo que me matam
E criticam o bem que quero fazer
Quero ver sorrir
E choro por isso
Quero ver paz
E tenho brigas à minha frente
Só vejo um caminho
Que adio, adio, adio até...
Tantas paredes
Tantas pedras e fico pequenina
Sem carinho próprio de criança
Procuro outro espaço
LONGE

terça-feira, 8 de junho de 2010

Com ou Sem Poema




gosto de ti
com ou sem poema
fazes-me falta como uma das cores do que vejo
pinto todos os meus momentos com coisas boas e risco algumas das más
crescerei quando não precisar de as riscar
só porque não têm peso na forma como estou
o timbre agreste de alguém borra a pintura toda
o sorriso falso e as artimanhas descompõe o resto
salvam-se os olhares dos jovens que comigo se cruzam
os toques subtis de quem vê um bocadinho cá por dentro e
solidário, apoia
à sua medida
mas os abraços são poucos
os sorrisos fugazes e as memórias estão
longe, muito longe
já quase não as toco
só lembro
sem que me afaguem

quinta-feira, 20 de maio de 2010


As pedras contam histórias
Sem saberem o que é o tempo
Gritam saberes que evitam
Erros cometidos por outros
Quem ouvirá as pedras
Os muros, as falésias
Alertas assombrosos
Gigantescos sinais
De caminhos interrompidos
Pela fortuna deixando lições
Nas pedras
Para ninguém as ler
Mais uma vez

Se esperarmos pela Primavera
Será tempo perdido
Nada fazer é um desperdício imenso
De vida
De sentir seja o que for
Produzir, usufruir algo
É viver sem tirar nem pôr
Pequenos objectos
Palavras, desenhos, doces gestos
Somente algo
Vale por tudo
Vale cada minuto
Numa busca interminável
Ao feio e ao belo
Ao quento e ao frio
Das cores e dos cheiros
Da VIDA!!!!

Se a cara se fecha
Grito para dentro com dor
Conto aos outros sem que oiçam
O meu estar
Sem ver cá fora
O sol que aquece
A chuva que leva
O som
O conforto
Protecção
Dizem que o mar é belo
Que acalma e tudo limpa
Que dizer de tantas vidas
Que nele se esconderam
Livres ou forçados
Impelidos por um destino
Que ninguém projectou
Aconteceu!
Esqueceu!
Limpou!
Varreu!
Viveu!

Construo projectos
Defendo pessoas
Acredito nos meus poderes
De fazer os outros felizes
Do sorriso que vejo
Retiro prazer
Dão por mim ao passar
Tenho um lugar cativo
No afecto que me rodeia
E durmo rodeada de estrelas
Luzes que me acompanham
E destroem o poço escuro
Que sinto frio e rápido
Lá ao fundo.